quarta-feira, fevereiro 01, 2006

A PORTA, DE FRANCISCO SILVA AMARO


Silva Amaro é um beirão discreto mas incisivo. A sua poesia é uma porta para o mundo e tem este olhar sarcástico:

o que vejo eu
em dia de rotina

o fiscal da câmara
abre uma janela clandestina

o contrutor rasga a guia
do material que recebia

o gnr a favor da corrupção
limpa a transgressão

para beneficiar uma equipa
o árbitro não apita

as firmas vão à falência
para salvar a gerência

o político paga um favor
nomeando um assessor

para legalizar o imbróglio
o juíz consulta o código

in "A Porta" de Silva Amaro, p. 61.