A PORTA, DE FRANCISCO SILVA AMARO
Silva Amaro é um beirão discreto mas incisivo. A sua poesia é uma porta para o mundo e tem este olhar sarcástico:
o que vejo eu
em dia de rotina
o fiscal da câmara
abre uma janela clandestina
o contrutor rasga a guia
do material que recebia
o gnr a favor da corrupção
limpa a transgressão
para beneficiar uma equipa
o árbitro não apita
as firmas vão à falência
para salvar a gerência
o político paga um favor
nomeando um assessor
para legalizar o imbróglio
o juíz consulta o código
in "A Porta" de Silva Amaro, p. 61.
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